Uma estudante perguntou a São Josemaría Escrivá se fazer as
coisas (ir à missa, rezar,...) quando não se sente vontade não é um
modo pouco autêntico de viver. Ele
respondeu:
Ouve,
minha filha, eu, vontade, tenho muito poucas vezes. É preciso fazer
as coisas quando não se sente vontade; nesse caso, como estão
fundamentadas no sacrifício, na contradição..., são muito mais
fecundas, valem muito mais diante de Deus, brilham como as estrelas
à noite.
Quando fores fazer a tua oração, e
não sentires vontade e não te venha nada à cabeça põe-te na presença
de Deus e diz-lhe: "Senor...", isso que acabaste de dizer: "não
sinto nenhuma vontade de falar contigo, não me apetece dedicar-te
nem um minuto, parece-me que te estou a fazer um favor". E sentirás
no fundo do teu coração como um choque, amoroso mas forte...; o
grito de Deus que te diz: sou eu que te faço o favor, quando te
chamo a servir-me, quamdo te chamo para conversar comigo, quando te
digo que quero fazer amizade com a tua alma.
E
então, com vontade ou sem vontade, farás todos os dias um tempo de
oração: na tua casa, ou na rua, no escritório ou na Universidade, ou
na oficina, ou na estrada, ou caminhando, ou na igreja, junto do
sacrário, pois aí está Cristo Jesus, o filho de Santa Maria, de
Santa Maria Virgem, sempre Virgem, que nasceu no presépio, que
trabalhou junto de José, de quem aprendeu o trabalho humano, e que
depois pregou e depois padeceu a paixão e foi subido à cruz, e se
deixou cravar por amor, com pregos ao madeiro. E está à nossa
espera aí; porque tu e eu sabemos pela fé, que oculto sob as
espécies sacramentais está Cristo: esse Cristo com o seu corpo, com
o seu sangue, com a sua alma e com a sua divindade, prisioneiro de
amor.
Iremos sem vontade, mas sabendo que nos
ouve, dizer-lhe que não sentimos vontade, e já estaremos a fazer
oração. E verás como Ele te fala, verás como te move, verás como
acabarás por te habituar a essa conversa com o Senhor, e, como no
dia em que não te dirigires a Deus, com vontade ou sem vontade,
sentirás desejo de o fazer, necesidade de o
fazer.
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