Superar a tentação de submeter Deus a si e aos próprios
interesses ou de colocá-Lo em um canto e converter-se à justa ordem
de prioridade, dar a Deus o primeiro lugar, é um caminho que cada
cristão deve percorrer sempre de novo. Converter-se, um convite
que escutamos muitas vezes na Quaresma, significa seguir Jesus de
modo que o seu Evangelho seja guia concreta da vida; significa
deixar que Deus nos transforme, parar de pensar que somos nós os
únicos construtores da nossa existência; significa reconhecer que
somos criaturas, que dependemos de Deus, do seu amor, e somente
perdendo a nossa vida Nele podemos ganhá-la. Isto exige trabalhar
as nossas escolhas à luz da Palavra de Deus...
As
provas às quais a sociedade atual submete o cristão, na verdade, são
tantas, e tocam a vida pessoal e social. Não é fácil ser fiel ao
matrimônio cristão, praticar a misericórdia na vida cotidiana, dar
espaço à oração e ao silêncio interior; não é fácil opor-se
publicamente a escolhas que muitos adotam, como o aborto em caso de
gravidez indesejada, a eutanásia em caso de doenças graves, ou a
seleção de embriões para prevenir doenças hereditárias. A tentação
de deixar de lado a própria fé está sempre presente e a conversão
transforma-se uma resposta a Deus que deve ser confirmada muitas
vezes na
vida...
Na
nossa época não são poucas as conversões entendidas como o retorno
de quem, depois de uma educação cristã talvez superficial,
afastou-se por anos da fé e depois redescobre Cristo e o seu
Evangelho. No Livro do Apocalipse, lemos: Eis que estou à porta e
bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em
sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo (3, 20). O nosso homem
interior deve preparar-se para ser visitado por Deus, e por isto não
deve deixar-se invadir pelas ilusões, pelas aparências, pelas coisas
materiais.
Neste Tempo de Quaresma, no Ano da Fé, renovemos o nosso empenho no
caminho de conversão, para superar a tendência de fechar-nos em nós
mesmos e para dar, em vez disso, espaço a Deus, olhando com os seus
olhos a realidade
cotidiana.
Da Catequese da Quarta-feira de Cinzas
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