O Verbo de
Deus, incorpóreo, incorruptível e imaterial, veio habitar no meio de
nós, se bem que antes não estivesse ausente. De fato, nenhuma região
do mundo jamais esteve privada de sua presença, porque, pela união
com seu Pai, ele estava em todas as coisas e em todo
lugar.
Por amor de nós, veio a este mundo,
isto é, mostrou-se a nós de modo sensível. Compadecido da fraqueza
do gênero humano, comovido pelo nosso estado de corrupção, não
suportando ver-nos dominados pela morte, tomou um corpo semelhante
ao nosso. Assim fez para que não perecesse o que fora criado nem se
tornasse inútil a obra de seu Pai e sua ao criar o homem. Ele não
quis apenas habitar num corpo ou somente tornar-se visível. Se
quisesse apenas tornar-se visível, teria certamente assumido um
corpo mais excelente; mas assumiu o nosso
corpo.
Construiu no seio da Virgem um templo
para si, isto é, um corpo; habitando nele, fê-lo instrumento
mediante o qual se daria a conhecer. Assim, pois, assumindo um corpo
semelhante ao nosso, e porque toda a humanidade estava sujeita à
corrupção da morte, ele, no seu imenso amor por nós, ofereceu-o ao
Pai, aceitando morrer por todos os homens. Deste modo, a lei da
morte, promulgada contra a humanidade inteira, ficou anulada para
aqueles que morrem em comunhão com
ele.
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