Rita nasceu na Úmbria, bispado de Espoleto, em Roccaporena um pequeno povoado de Cássia (Província de Perugia) em Itália no dia 22 de maio de 1381. Seus pais, António Mancini e Amata Serri, ambos católicos praticantes, já eram de idade provavelmente avançada e casaram em 1339 e tiveram sua única filha, Rita, depois de mais de 40 anos de casados. Seu nascimento foi um grande milagre. Foi batizada, e recebeu a primeira Eucaristia na Igreja de Santa Maria dos Pobres, em Cássia.
Conta uma história que, certa vez, seus pais levaram-na para o campo e, enquanto trabalhavam na roça em seus afazeres, deixaram a recém-nascida debaixo de uma árvore, na sombra num berço dormindo. Um enxame de abelhas brancas como a neve voou até á menina e girava em torno de seus lábios, como se fossem flores das mais perfumadas. Um homem que passava por ali, e que tinha pouco antes ferido a mão, ao ver Rita e as abelhas, gritou assustado aos seus pais. As abelhas foram embora e o homem teve a mão curada naquele mesmo instante.
O CASAMENTO FORÇADO E INFELIZ
Foi num lar católico que Rita cresceu. António e Amata educaram-na na fé em casa, e ensinaram-na a rezar. Desde a infância, ela demonstrou uma grande afeição a Nossa Senhora e a Jesus Crucificado.
Na adolescência aos 12 anos, tinha um desejo intenso de consagrar-se a Deus na vida religiosa. Em Cássia havia um mosteiro das monjas agostinianas. Seus pais, porém, já idosos, queriam que ela se casasse.
Seu temor a Deus e a obediência que mostrava ter aos seus pais obrigaram-na a renunciar ao seu desejo de se entregar á religião e se fechar num convento, para aceitar abraçar o matrimónio com um jovem rapaz da religião, tido como violento, chamado Paulo Ferdinando. Rita foi obediente, casou-se. Ele embriagava-se com frequência, brigava com os amigos e, chegando em casa, espancava Rita. Houve uma ocasião em que Rita esteve à beira da morte de tanto levar do marido. Foram muitas as vezes em que Rita não foi à igreja porque Paulo Ferdinando a impediu de ir. Ela, contudo, rezava por ele diante do crucifixo, pedindo pela conversão. Durante o seu matrimónio, Santa Rita de Cássia era uma mulher doce, preocupada com o bem-estar de seu marido. Mesmo consciente de seu carácter violento, sofria, mas rezava em silêncio, oferecia tudo a Deus. A bondade de Santa Rita de Cássia era tão aparente que seu marido foi contagiado por ela. Passado um tempo, e perseverando Rita na oração pelo seu marido, Paulo Ferdinando caiu aos seus pés, pediu perdão a ela e a Deus, e mudou sua vida e seus costumes. Rita feliz, agradeceu a graça recebida. Rita e Paulo Ferdinando tiveram dois filhos: Tiago António e Paulo Maria. Ambos foram educados na fé por seus pais e, com Rita, constantemente saíam de casa para visitar os enfermos e os pobres.
SOFRIMENTO DESDE JOVEM
Em 1402 morreram António e Amata, pais de Rita. Seu pai morreu a 19 de Março e sua mãe no dia 25 do mesmo mês, com 90 anos.
Logo depois, alguns antigos inimigos de Paulo Ferdinando, por vingança assassinaram-no. Os filhos, já crescidos, e influenciados por amigos, planearam vingar a morte do pai.
Rita, ao saber do desejo dos filhos Rezou, pedindo a Deus que tirasse este desejo do coração de seus filhos, ou, se fosse vontade divina, que os levasse para a glória do Céu para obterem a salvação, mas que não fossem assassinos. Deus ouviu suas preces, ambos adoeceram, e Rita cuidou deles com amor. Depois de pouco tempo, Tiago António e Paulo Maria morreram.
A mãe carregou no coração a grande dor da perda dos pais, do marido e dos filhos sem perder a fé. Perdoou publicamente os assassinos de Paulo Fernando.
A SOLIDÃO NO MUNDO
Sozinha no mundo, Rita transformou-se numa mulher de oração. Além do trabalho doméstico, ela continuava a visitar os enfermos e os pobres. Participava da missa no mosteiro das agostinianas. Um dia, procurou a superiora e pediu-lhe para ingressar na ordem, mas não foi aceite. Provavelmente, por ser viúva e não ser mais virgem. As irmãs tinham medo também dos inimigos de Paulo Fernando, já que eles continuavam a ameaçar Rita. Por três vezes Rita pediu para ser admitida no mosteiro, e por três vezes ouviu o “não” da superiora. Rita vivia em casa, sozinha.
MOSTEIRO DAS IRMÃS AGOSTINIANAS
Rita vivia em casa, sozinha mas como se estivesse no mosteiro. Num dia, á noite em profunda oração, ouviu um chamado: "Rita! Rita!". Abriu a porta e eram três homens que foram a sua casa. Ao acolhê-los, ela os reconheceu. Eram os seus três santos protetores: São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino. Levantou-se e seguiu seus santos protetores. Era noite, e a porta do convento estava fortemente trancada. Eles então levaram-na ao interior do mosteiro das agostinianas, em Cássia. Ao amanhecer, as religiosas agostinianas ficaram estupefatas ao verem Rita, na capela do convento, rezando, sendo que a porta estava fechada. As religiosas, a começar pela superiora, ficaram pasmadas com a presença de Rita, mesmo estando fechadas as portas do mosteiro. Vendo que era Deus que a destinava à vida religiosa, receberam-na na Ordem. Há quem veja o acontecimento afirmado que, ao ser aceite no mosteiro, Rita atribuiu a graça aos seus santos protetores. No mosteiro, Rita mostrou-se serviçal e contemplativa. Ao mesmo tempo em que estava disponível às irmãs, servindo-as, também estava em constante oração, passando muitas horas diante de Jesus crucificado.
Mesmo no mosteiro, continuou a sair para visitar os enfermos e os pobres. Enfrentou dificuldades e tentações; a tudo superou na força da fé.
OBEDIÊNCIA TAMBÉM NO CONVENTO.
Consciente de que obedecendo à superiora, obedeceria a Jesus. Certo dia, a superiora, para pô-la a prova, pediu-lhe que, todos os dias, regasse um galho seco pela manhã e à tarde.
Em sinal de obediência, Rita o fez com todo o carinho e, tempos depois, milagrosamente, o galho seco transformou-se numa bela videira. Esta ainda existe, em Cássia, e continua a produzir uvas.
No ano de 1443, Tiago della Marca- depois canonizado – pregou um retiro em Cássia sobre a Paixão e a Morte de Jesus.
Voltando para o mosteiro depois de uma das pregações, Rita prostrou-se diante do crucifixo, na capela, e pediu para participar de alguma forma, da Paixão do Senhor. Foi quando um espinho da coroa de Cristo se destacou e feriu profundamente sua testa, e ela desmaiou. Ao acordar, tinha uma ferida na testa. Com o tempo, essa ferida tornou-se malcheirosa. Rita então passou a viver numa cela à parte, distante das demais monjas; uma religiosa levava alimento a ela, diariamente. A ferida causava muitas dores; tudo ela oferecia a Deus. Por 15 anos Rita carregou consigo a marca feita pelo espinho da coroa de Cristo.
O povo de Cássia, atento ao que acontecia no mosteiro, percebeu que havia algo de diferente em Rita. Muitos iam até ela e pediam a sua intercessão, e eram atendidos. Em pouco tempo sua fama de santidade espalhou-se pela região.
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