Com efeito, a graça pela qual, no início de sua fé, um homem se
torna cristão, é a mesma pela qual esse homem, desde sua origem, foi
feito Cristo. Assim pelo mesmo Espírito renasceu aquele cristão e
nasceu este o Cristo. Pelo Espírito, faz-se em nós a remissão dos
pecados, por esse mesmo Espírito que fez com que o Cristo não
tivesse pecado algum. Deus teve a presciência de que faria tais
coisas. Esta é, portanto, a predestinação dos santos, aquela que
refulge ao máximo no Santo dos santos. Quem poderá negá-la se
compreende com justeza as palavras da verdade? Pois foi-nos ensinado
que o próprio Senhor da glória, enquanto homem feito Filho de Deus,
foi predestinado.
Jesus foi predestinado: ele,
que haveria de ser filho de Davi segundo a carne, haveria de ser
também, segundo a virtude, Filho de Deus segundo o Espírito de
santidade, porque nasceu do Espírito Santo e da Virgem
Maria...
A
natureza humana foi predestinada a tão imensa, sublime e máxima
elevação que não tem por onde mais se elevar, assim como a própria
divindade não encontrou meios de se rebaixar mais por nós do que
aceitando a natureza do homem, com a fraqueza da carne, até à morte
da cruz. Assim como foi predestinado o Único para ser nossa Cabeça,
assim também, embora muitos, nós somos predestinados para sermos
seus membros.
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