Todas as almas humanas são, em si mesmas, templos de Deus; e
este fato nos abre uma perspectiva vasta e completamente nova. A
vida de oração de Jesus é a chave para compreendermos a oração da
Igreja. Vemos que Cristo participou no culto divino, na liturgia do
seu povo; levou a liturgia da Antiga Aliança a completar-se na da
Nova Aliança.
Mas
Jesus não se limitou a participar no culto divino público prescrito
pela Lei. Os evangelhos fazem referências ainda mais numerosas à sua
oração solitária no silêncio da noite, nos cumes selvagens das
montanhas, em locais desertos. Quarenta dias e quarenta noites de
oração precederam a vida pública de Jesus (Mt 4, 1-2). Retirou-Se
para a solidão da montanha para orar antes de escolher os doze
apóstolos e de os enviar em missão. Na hora do Monte das Oliveiras,
preparou-Se para subir ao Gólgota. O grito que lançou ao Pai nessa
hora, a mais dolorosa da Sua vida, é-nos revelado em breves
palavras, que brilham como estrelas nas nossas próprias horas no
Monte das Oliveiras: Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice,
não se faça, contudo, a Minha vontade, mas a Tua (Lc 22, 42). Elas
são uma espécie de clarão que ilumina para nós, durante um instante,
a vida mais íntima da alma de Jesus, o mistério insondável do Seu
ser de homem-Deus e do Seu diálogo com o Pai. Este diálogo durou
certamente toda a vida, sem nunca se
interromper.
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