Filho
do homem, eu te coloquei como sentinela da casa de Israel (Ez 3,16).
É de se notar que o Senhor chama de sentinela aquele a quem envia a
pregar. A sentinela, de fato, está sempre no alto para enxergar de
longe quem vem. E quem quer que seja sentinela do povo deve
manter-se no alto por sua vida, para ser útil por sua
providência.
Como é duro para mim isto
que digo! Ao falar, firo-me a mim mesmo, pois minha língua não
mantém, como seria justo, a pregação e, mesmo que consiga mantê-la,
a vida não concorda com a língua...
Sou obrigado a
decidir ora questões das Igrejas, ora dos mosteiros; com freqüência
ponderar a vida e as ações de outrem; ora auxiliar em certos
negócios dos cidadãos, ora gemer sob as espadas dos bárbaros
invasores e temer os lobos que rondam o rebanho sob minha guarda...
Às vezes devo tolerar com igualdade de ânimo certos ladrões, ora
opor-me a eles pelo desejo de conservar a
caridade...
Que, pois, ou
que espécie de sentinela sou eu, que não estou de pé no monte da
ação, mas ainda deitado no vale da fraqueza? Poderoso é, porém, o
criador e redentor do gênero humano para conceder-me, a mim,
indigno, a elevação da vida e a eficácia da palavra. Por seu amor,
me consagro totalmente à sua
palavra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário