A oração de Cristo no Getsêmani é o encontro da vida humana de Jesus Cristo com a vontade eterna de Deus... O Filho fez-Se homem para que tivesse lugar esse encontro da Sua vontade humana com a do Pai. Fez-Se homem para que esse encontro fosse repleto da verdade sobre a vontade humana e sobre o coração humano, esse coração que quer fazer desaparecer o mal, o sofrimento, o julgamento, a flagelação, a coroa de espinhos, a cruz e a morte. Fez-Se homem para que, neste contexto da verdade sobre a vontade humana e sobre um coração humano, surgisse toda a grandeza do amor que se exprime na dádiva de si e no sacrifício: «Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único» (Jo 3,16). Quando Cristo ora, o amor eterno deve confirmar-se através da oferenda do coração humano. E confirma-se de fato: o Filho não recusa ao Seu coração tornar-se o altar, o local da elevação, antes de se tornar o local da cruz...
A oração é, por conseguinte, o encontro entre a vontade humana e a vontade de Deus. O seu fruto privilegiado é a obediência do Filho ao Pai: «Seja feita a Tua vontade». Porém, a obediência não significa renúncia à nossa vontade, mas antes uma verdadeira abertura do olhar espiritual e do ouvido espiritual a este Amor que é o próprio Deus. E Deus é este Amor (1Jo 4,16), Ele que amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único. Eis então o homem, eis Jesus Cristo, o Filho de Deus; após a Sua oração no Getsêmani, torna a erguer-Se, fortalecido por essa obediência através da qual Se reuniu a este amor, a esta dádiva do Pai ao mundo e a todos os homens.
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