Celebramos a festa da cruz; por ela as trevas são repelidas e
volta a luz. Celebramos a festa da cruz e junto com o Crucificado
somos levados para o alto para que, abandonando a terra com o
pecado, obtenhamos os céus. A posse da cruz é tão grande e de tão
imenso valor que seu possuidor possui um tesouro. Chamo com razão
"tesouro" àquilo que há de mais belo entre todos os bens pelo
conteúdo e pela fama. Nele, por ele e para ele reside toda a nossa
salvação, e é restituída ao seu estado
original.
Se não houvesse a cruz, Cristo não
seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada
ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não
brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que
lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não
teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da
vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte
não teria sido vencida e não teria sido derrotado o
inferno.
É, portanto, grande e preciosa a
cruz. Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade;
e tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais
excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa também porque a
cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta
mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é
vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também
se tornou a comum salvação de todo o
mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário