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Povo de Deus, este Blog tem a intencão de divulgar a devoção a Nossa Senhora da Rosa Mística. Que Maria abençoe a todos com suas graças e muitos dons para podermos evangelizar e colocar no caminho da salvação nossos irmãos queridos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (81-86)




81. Em segundo lugar, para nos despojar de nós mesmos, é preciso morrer todos os dias. Isto quer dizer que é preciso renunciar às operações das potências da nossa alma e dos sentidos do nosso corpo, ou seja: temos de ver como se não víssemos, de ouvir como se não ouvíssemos, de nos servir das coisas deste mundo como se delas não nos servíssemos (1 Cor 7, 29-31). É a isto que São Paulo chama de morrer todos os dias (1 Cor 15, 31). “Se o grão de trigo cai à Terra e não morre, permanece só e não produz fruto” (Jo 12, 24). Se não morrermos para nós mesmos, e se as nossas devoções mais santas não nos levam a esta morte necessária e fecunda, não daremos fruto que valha. Porque então as nossas devoções tornar-se-ão inúteis, todas as nossas boas obras serão manchadas pelo amor próprio e pela nossa vontade própria, o que fará com que Deus abomine os maiores sacrifícios e as melhores ações que possamos fazer. E, nesse caso, encontrarnos-emos com as mãos vazias de virtudes e méritos na hora da nossa morte, e não teremos sequer uma centelha de Puro Amor, pois este só é dado às almas mortas para si mesmas e cuja vida está oculta com Jesus Cristo em Deus (Cl 3, 3).

82. Em terceiro lugar, é preciso escolher, dentre todas as devoções à Santíssima Virgem, aquela que nos leva mais a esta morte para nós próprios, porque é esta a melhor e a mais santificante. Não se julgue, de fato, que tudo o que brilha é ouro, que tudo o que é doce é mel, e que tudo o que é fácil e praticado pela maior parte das pessoas é o mais santificante. Na natureza há segredos para fazer operações naturais em pouco tempo, econômica e facilmente. Na ordem da graça existem também segredos para fazer operações sobrenaturais em pouco tempo, suavemente e facilmente, tais como: despojar-se de si mesmo, encher-se de Deus e tornar-se perfeito. A prática que quero revelar é um desses segredos de graça, desconhecido pela maior parte dos cristãos, conhecido por poucas almas piedosas, praticado e apreciado por menos ainda. Para começar a descobrir esta prática, eis uma quarta verdade, que é uma conseqüência da terceira.

Artigo Quarto
Temos necessidade de um mediador junto ao Mediador mesmo, que é Jesus Cristo

83. Quarta Verdade. É mais perfeito, porque mais humilde, não nos aproximarmos diretamente de Deus, mas servimo-nos de um mediador. Visto que a natureza está tão corrompida, como acabo de mostrar, é certo que todas as nossas boas obras serão manchadas ou terão pouco peso diante de Deus para o levar a unir-se a nós, a ouvir-nos, se nos apoiarmos nos nossos próprios trabalhos, esforços e preparações para chegarmos até Deus e lhe agradarmos. Não foi sem motivo que Deus nos deu mediadores junto da sua Divina Majestade. Ele viu-nos indignos e incapazes, teve piedade de nós, e, para nos dar acesso às suas misericórdias, proporcionou-nos intercessores poderosos junto da sua grandeza. Deste modo, negligenciar esses intermediários, aproximar-nos diretamente da própria Santidade sem intercessão alguma, é falta de humildade e de respeito para com um Deus tão Santo. É fazer menos caso deste Rei dos reis do que se faria dum rei ou príncipe da Terra, que não se abordaria sem auxílio dum amigo que falasse por nós.

84. Nosso Senhor é nosso Advogado e Medianeiro de Redenção junto de Deus Pai. É por Ele que devemos orar, com toda a Igreja triunfante e militante. É por Ele que temos acesso junto da Suprema Majestade, não devendo nunca apresentar-nos diante dela senão sustentados e revestidos de Seus méritos, como Jacó, que se cobriu com peles de cabrito para receber a bênção de seu pai Isaac.

85. Mas, não teremos necessidade dum mediador junto do próprio Medianeiro? Será tão grande a nossa pureza que possamos unir-nos diretamente a Ele, e por nós mesmos? Não é Ele Deus, em tudo igual a seu Pai e, por conseguinte, o Santo dos santos, tão digno de respeito como o Pai? Pela sua infinita caridade tornou-se a nossa garantia e o nosso medianeiro junto de Deus, seu Pai, para aplacá-lo e pagar-lhe o que lhe devíamos. Mas será isso uma razão para termos menos respeito e temor à sua majestade e santidade? Digamos, pois, abertamente - com São Bernardo -, que temos necessidade dum mediador junto do mesmo Medianeiro, e que Maria Santíssima é a pessoa mais capaz de desempenhar esta função caridosa. Foi por Ela que nos veio Jesus Cristo; é por Ela que devemos ir a Ele. Se receamos ir diretamente a Jesus Cristo, nosso Deus, por causa da sua grandeza infinita, ou da nossa miséria, ou ainda dos nossos pecados, imploremos ousadamente o auxílio e a intercessão de Maria, nossa mãe. Ela é boa e terna; nada tem de austero ou de repulsivo, nada de demasiado sublime e brilhante. Contemplando-a, vemos a nossa própria natureza. Ela não é o Sol, que pela vivacidade dos seus raios poderia cegar-nos por causa da nossa fraqueza. Ela é bela e doce como a Lua (Ct 6, 9), que recebe a luz do Sol e a abranda a fim de adaptá-la à nossa pequenez. É tão caridosa que não repele nenhum dos que pedem a sua intercessão, por mais pecador que seja. Pois, como dizem os santos, desde que o mundo é mundo, nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido à Santíssima Virgem, com confiança e perseverança, tenha sido por Ela desamparado. Ela é tão poderosa que nunca foi desatendida nas suas súplicas. Basta que se apresente diante de seu Filho para lhe pedir alguma coisa: Ele imediatamente a atende e acolhe, amorosamente vencido pelas orações da sua mui querida Mãe, que o portou ao seio e o amamentou.

86. Tudo isto é tirado de São Bernardo e de São Boaventura. Pelo que, segundo eles, temos de subir três degraus para chegar até Deus: o primeiro, que está mais perto de nós e mais conforme à nossa capacidade, é Maria; o segundo é Jesus Cristo, e o terceiro é Deus Pai. Para ir a Jesus é preciso ir a Maria: Ela é a nossa Medianeira de Intercessão. Para ir ao Eterno Pai é preciso ir a Jesus: nosso Medianeiro de Redenção. Ora, pela Devoção que a seguir indicarei, observa-se perfeitamente esta ordem.

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