SEJAM BEM VINDOS!

Povo de Deus, este Blog tem a intencão de divulgar a devoção a Nossa Senhora da Rosa Mística. Que Maria abençoe a todos com suas graças e muitos dons para podermos evangelizar e colocar no caminho da salvação nossos irmãos queridos.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

31 de julho

Ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e nos abismos; e toda língua proclame, para glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor (Fl 2,10s).
Oferecimento do diaDeus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em união com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo, que guiou a Jesus, seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor.

Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês e também pelas vocações sacerdotais.
Oração do diaÓ Deus, que suscitastes em vossa Igreja santo Inácio de Loyola para propagar a maior glória do vosso nome, fazei que, auxiliados por ele, imitemos seu combate na terra, para partilharmos no céu sua vitória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (185-189)

II. Explicação da História

185. Antes de explicar esta história, tão cheia de beleza, é preciso notar que, segundo todos os Santos Padres e intérpretes da Sagrada Escritura, Jacó representa Jesus Cristo e os predestinados, enquanto Esaú figura os réprobos. Basta examinar o procedimento dum e doutro para verificá-lo. 
Esaú, figura dos réprobos
1) Esaú, o primogênito, era forte e robusto de corpo, destro e hábil no manejo do arco e na arte da caça.
2) Quase não parava em casa e, confiando apenas na sua força e engenho, trabalhava sempre fora.
3) Não se esforçava muito por agradar a Rebeca, sua mãe, e não fazia nada por ela.
4) Era tão guloso, e apreciava tanto a comida, que vendeu o direito de primogenitura por um prato de lentilhas.
5) Como Caim, era muito invejoso de seu irmão Jacó, que encarniçadamente perseguia (Gn 4, 8).

186. Eis a conduta diária dos réprobos:
1) Fiam-se na sua força e diligências para os negócios temporais. São muito fortes, muito hábeis e esclarecidos para as coisas da Terra, mas muito fracos e ignorantes nas coisas do Céu.

187. 2) Por isso: Nunca ou quase nunca permanecem em sua casa, ou seja, no seu íntimo (Mt 6, 6). O íntimo é a casa interior e essencial que Deus deu a cada homem para que, a seu exemplo, nela habite, pois Deus permanece sempre em si mesmo. Os réprobos não amam o recolhimento, nem a espiritualidade, nem a devoção interior, e têm por espíritos fracos, piegas e selvagens os que são interiores e retirados do mundo, e que trabalham mais interior que exteriormente.

188. 3) Os réprobos pouco se preocupam com a Devoção à Santíssima Virgem, Mãe dos predestinados. É verdade que não a odeiam formalmente. Algumas vezes tributam-lhe louvores, dizem que a amam, e praticam até alguma devoção em sua honra. Mas, de resto, não suportariam que alguém a amasse ternamente, porque não têm para com Ela as ternuras de Jacó. Acham sempre algo a dizer contra as práticas de devoção a que se entregam fielmente os bons filhos e servos de Maria, para merecer o seu afeto. Não julgam esta Devoção necessária para a salvação, e acham que basta não odiar formalmente a Santíssima Virgem e não desprezar abertamente a sua Devoção. Julgam ter ganhado a estima da Santíssima Virgem e ser Seus servos só por rezar ou resmungar algumas orações em sua honra, sem ternura para com Ela e sem correção da própria vida.

189. 4) Estes réprobos vendem o seu direito de primogenitura, isto é, os gozos do paraíso, por um prato de lentilhas, que são os prazeres da Terra. Riem, bebem, divertem-se, jogam, dançam etc, sem se preocuparem, como Esaú, de se tornar dignos das bênçãos do Pai celeste. Numa palavra, só pensam na Terra, só amam a Terra, só falam e agem para a Terra e seus gozos, vendendo por um breve momento de prazer, por uma vã fumaça de honra e um pedaço de Terra dura, amarela ou branca, a graça batismal, a veste da sua inocência, a sua herança celeste.

Do Opúsculo Da Narrativa autobiográfica de Santo Inácio, recolhida de viva voz pelo Padre Luís Gonçalves da Câmara

Inácio gostava muito de ler livros mundanos e romances que narravam supostos feitos heróicos de homens ilustres. Assim que se sentiu melhor, pediu que lhe dessem alguns deles, para passar o tempo. Mas não se tendo encontrado naquela casa nenhum livro deste gênero, deram-lhe um que tinha por título A vida de Cristo e outro chamado Florilégio dos Santos, ambos escritos na língua pátria.
   Com a leitura freqüente desses livros, nasceu-lhe um certo gosto pelos fatos que eles narravam. Mas, quando deixava de lado essas leituras, entregava seu espírito a lembranças do que lera outrora; por vezes ficava absorto nas coisas do mundo, em que antes costumava pensar.
    Em meio a tudo isto, estava a divina providência que, através dessas novas leituras, ia
dissipando os outros pensamentos. Assim, ao ler a vida de Cristo nosso Senhor e dos santos, punha-se a pensar e a dizer consigo próprio: “E se eu fizesse o mesmo que fez São Francisco e o que fez São Domingos?”  E refletia longamente em coisas como estas. Mas sobrevinham-lhe depois outros pensamentos vazios e mundanos, como acima se falou, que também se prolongavam por muito tempo. Permaneceu nesta alternância de pensamentos durante um tempo bastante longo...
    Até o dia em que se lhe abriram os olhos da alma, e começou a admirar-se desta referida diferença. Compreendeu por experiência própria que um gênero de pensamentos lhe trazia tristeza, e o outro, alegria. Foi esta a primeira conclusão que tirou das coisas divinas. Mais tarde, quando fez os Exercícios Espirituais, começou tomando por base esta experiência, para
compreender o que ensinou sobre o discernimento dos espíritos.

terça-feira, 30 de julho de 2013

O Tratado da Verdadeira Devoção (183-184)

CAPÍTULO SEXTO
FIGURA BÍBLICA DESTA PERFEITA DEVOÇÃO:
REBECA E JACÓ

 
183. De todas as verdades que acabo de escrever, em relação à Santíssima Virgem e a Seus filhos e servos, dá-nos o Espírito Santo, na Sagrada Escritura, uma imagem admirável: a história de Jacó, que recebeu a benção de seu pai Isaac, devido aos cuidados e diligências de sua mãe Rebeca. Ei-la, como a narra o Espírito Santo (Gn 27). Depois acrescentarei a sua explicação.

Artigo Primeiro
Rebeca e Jacó
I. História Bíblica
 

184. Esaú tinha vendido o direito de primogenitura a seu irmão Jacó (Gn 25, 33). Vários anos mais tarde, Rebeca, mãe dos dois irmãos, que amava ternamente Jacó, assegurou-lhe esta primazia por meio dum santo expediente, todo cheio de mistérios. Isaac, sentindo-se muito velho, quis abençoar os seus filhos antes de morrer. Chamou então Esaú, o filho que amava, e ordenou-lhe que fosse caçar alguma coisa para ele comer a fim de em seguida lhe dar a sua benção. Rebeca avisou imediatamente Jacó do que se passava e mandou-o buscar dois cabritos do rebanho. Logo que este os entregou à sua mãe, ela preparou deles, para Isaac, o que sabia que ele gostava. Vestiu Jacó com as roupas de Esaú, que ela guardava. Cobriu-lhe as mãos e o pescoço com a pele dos cabritos, para que o pai, que era cego, julgasse, pela pele da mão, que era Esaú, embora ouvisse a voz de Jacó. Efetivamente Isaac, surpreendido ao ouvir-lhe a voz, que julgou ser a de Jacó, mandou-o aproximar-se. Tendo-lhe apalpado as mãos cobertas de pele, disse que, na verdade, a voz era de Jacó, mas que as mãos eram de Esaú. Depois de ter comido e de ter aspirado, ao beijar o filho, o aroma do seu vestido perfumado, abençoou-o, desejando-lhe o orvalho do Céu e a fecundidade da Terra. Estabeleceu-o senhor de todos os seus bens, e concluiu a benção por estas palavras: “Aquele que te amaldiçoar, seja também maldito, e o que te abençoar seja cumulado de bênçãos” (Gn 27, 29). Mal Isaac terminara de pronunciar estas palavras, entrou Esaú trazendo já preparado o que tinha apanhado na caça, para que o pai o abençoasse em seguida. Este Santo Patriarca ficou tomado de extrema surpresa, ao compreender o que se tinha passado. Mas, longe de retratar o que fizera, confirmou-o,pois reconhecia neste proceder, claramente, o dedo de Deus. Então, Esaú irrompeu em grandes brados, como nota a Escritura, e, vociferando contra a fraude do irmão, perguntou ao pai se tinha só uma benção. Notam neste ponto os Santos Padres que Esaú é a imagem daqueles que, conciliando facilmente Deus com o mundo, querem gozar ao mesmo tempo as consolações do Céu e da Terra. Isaac, movido pelos gritos de Esaú, abençoou-o por fim, mas com uma benção terrena, e submetendo-o ao irmão. Concebeu Esaú, por isso, ódio tão profundo contra Jacó, que, para matá-lo, só esperava pela morte do pai. E Jacó não teria podido evitar a morte, se Rebeca, sua querida mãe, o não tivesse salvado pelas diligências e pelos bons conselhos que lhe deu, os quais ele seguiu com fidelidade.

30 de julho


Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em sua casa; é ele que dá força e poder a seu povo (Sl 67,6s.36)
Oferecimento do diaDeus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em uniã

o com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo, que guiou a Jesus, seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor.

Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês e também pelas famílias.
Oração do diaÓ Deus, que fizestes do bispo são Pedro Crisólogo egrégio pregador do vosso Verbo encarnado, concedei-nos, por suas preces, meditar sempre os mistérios da salvação e anunciá-los em nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo

Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia. É suave a palavra misericórdia, meus irmãos. E se a palavra assim é, o que não será a realidade? Apesar de todos a desejarem, não agem de modo a merecer recebê-la, o que é mau. De fato, todos querem receber a misericórdia, mas poucos querem dá-la.
    Ó homem, com que coragem queres pedir aquilo que finges dar! Deve, portanto, conceder misericórdia aqui na terra quem espera recebê-la no céu. Por isto, irmãos caríssimos, já que todos queremos misericórdia, tenhamo-la por padroeira neste mundo, para que nos liberte no futuro. Há no céu uma misericórdia a que se chega pelas misericórdias terenas.
    Há, então, a misericórdia terena e a celeste, a humana e a divina. Qual é a misericórdia humana? Aquela, é claro, que te faz olhar para as misérias dos pobres. E a misericórdia celeste? Certamente a que concede o perdão dos pecados...
    Que espécie de gente somos nós que, quando Deus dá, queremos receber, quando ele pede, nós nos recusamos a dar? 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (181-182)

181. No entanto, retorno à matéria interrompida, dizendo a uns e a outros que Maria Santíssima é a mais honesta e liberal de todas as simples criaturas. Nunca se deixa vencer em amor e liberalidade; em troca de um ovo, diz um santo homem, Ela dá um boi; quer dizer, por pouco que se lhe der, Ela dá muito mais daquilo que recebeu de Deus. Se, pois, uma alma se lhe entrega sem reservas, Ela também se lhe dá toda, contanto que a alma ponha n'Ela, sem presunção, toda a sua confiança, trabalhando, por sua vez, em adquirir as virtudes e em vencer as suas paixões.

182. Que os fiéis servos da Santíssima Virgem digam, portanto, com a ousadia de São João Damasceno: “Tenho confiança em Vós, ó Mãe de Deus, serei salvo. Tendo a Vossa proteção, nada temerei. Com o Vosso socorro combaterei e porei em debandada os meus inimigos: porque a Vossa Devoção é uma arma de salvação que Deus dá aos que quer salvar!” 


- Derramai no Seio e no Coração da Santíssima Virgem Maria todos os Vossos tesouros, todas as Vossas virtudes e graças! -

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (176-180)

176. Esta boa Mãe recebe sempre, por pura caridade, tudo o que lhe damos em depósito. E, uma vez que o recebeu como depositária, é obrigada em justiça a no-lo guardar, em virtude do contrato de depósito. Do mesmo modo que uma pessoa, a quem eu tivesse confiado mil moedas de ouro, seria obrigada a guardá-las, e se, por negligência, viesse a perdê-las, em boa justiça seria Ela a responsável. Mas não, nunca a fiel Maria deixará perder, por negligência, o que lhe tiver sido confiado. Seria mais fácil passarem o Céu e a Terra do que Ela ser negligente e infiel para com os que n'Ela confiam.

177. Ó pobres filhos de Maria, a vossa fraqueza é extrema, grande a vossa inconstância e bem corrompida a vossa natureza. Fostes tirados, é certo, do mesmo barro corrompido que os filhos de Adão e Eva. Mas não desanimeis por isso. Consolai-vos e alegrai-vos! Eis que vos ensino este segredo desconhecido da maioria dos cristãos, até mesmo dos mais piedosos. Não guardeis o vosso ouro e a vossa prata nos vossos cofres, já forçados pelo espírito maligno que vos roubou. Eles são pequenos, velhos e fracos demais para guardar tão grande e precioso tesouro. Não ponhais a água pura e cristalina da fonte nos vossos vasos estragados e infectados pelo pecado. Se o pecado já não existe em vós, ficou pelo menos o seu odor e a água se contaminará. Não deiteis os vossos vinhos finos em vossos tonéis velhos, que já foram cheios de mau vinho; ficariam estragados e em perigo de se perderem.

178. Embora me compreendais, almas predestinadas, quero falar mais claramente. Não confieis o ouro da vossa caridade, a prata da vossa pureza, as águas das graças celestiais e o vinho dos vossos méritos e virtudes a um saco roto, a um cofre velho e arrombado, a uma vasilha estragada e contaminada como sois vós. Do contrário sereis roubados pelos ladrões, isto é, pelos demônios, que procuram e espiam noite e dia o tempo propício para o fazer. Do contrário, estragareis, pelo mau odor do vosso amor próprio, da confiança em vós mesmos e da vossa própria vontade, tudo o que de mais puro Deus vos dá. Colocai, lançai no seio e no Coração de Maria todos os vossos tesouros, todas as vossas graças e virtudes. Ela é vaso espiritual, vaso honorífico, vaso insigne de devoção. Depois que o próprio Deus se encerrou neste vaso, com todas as suas perfeições, tornou-se todo espiritual e fez-se a morada das almas mais espirituais. Tornou-se honorífico, e trono de honra dos maiores príncipes da eternidade. Tornou-se insigne em devoção, e a morada das mais ilustres em doçura, em graças e virtudes. Enfim, tornou-se rico como uma Casa de Ouro, forte como a Torre de Davi e puro como uma Torre de Marfim.

179. Ah! Como é feliz aquele que deu tudo a Maria, que se confia e abandona, em tudo e por tudo, em Maria! É todo d'Ela e Ela é toda d'Ele. Pode dizer ousadamente com Davi: “Maria foi feita para mim” (Sl 118, 56); ou com o discípulo amado: “Recebi-a como toda a minha riqueza” (Jo 19, 27); ou com Jesus Cristo: “Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu” (Jo 17, 10).

180. Se, ao ler isto, algum crítico imaginar que falo com exagero e levado por devoção desmedida, pobre dele! Não me compreende, ou porque é um homem carnal, que não entende as coisas do espírito, ou porque pertence ao mundo e não pode receber o Espírito Santo, ou porque é orgulhoso e crítico, e condena ou despreza tudo o que não percebe. Mas as almas que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus e de Maria, essas compreendem-me e apreciam, e é para elas que eu escrevo (Jo 1, 13).

quinta-feira, 25 de julho de 2013

19 de julho

Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).

Oferecimento do dia
Deus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em união com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo, que guiou a Jesus, seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor.

Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês e também em reparação ao Sagrado Coração de Jesus.

Oração do dia
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (173-175)

ARTIGO OITAVO 

Esta Devoção é um meio admirável de perseverança

173. Oitavo motivo. Enfim, o que de certo modo nos impelirá mais fortemente ainda para esta Devoção à Santíssima Virgem é ser ela o meio admirável para perseverarmos na virtude e sermos fiéis. Por que é que a maior parte das conversões dos pecadores não são duradouras? Por que recaem eles tão facilmente no pecado? Por que é que a maior parte dos justos, em vez de ir de virtude em virtude e de alcançar novas graças, perdem muitas vezes as poucas virtudes e graças que possuem? Esta desgraça provém, como já acima mostrei (nn. 87-89), de que estando o homem tão corrompido, tão fraco e inconstante, se fia em si próprio, se apóia nas suas próprias forças e se julga capaz de guardar o tesouro das suas graças, virtudes e méritos. Por meio desta Devoção, confiamos à Santíssima Virgem - e sabemos como Ela é fiel - tudo o que possuímos. Tomamo-la como depositária universal de todos os nossos bens da natureza e da graça. Confiamo-nos à sua fidelidade, apoiamo-nos no seu poder e fundamo-nos na sua misericórdia e caridade, a fim de que conserve e aumente as nossas virtudes e méritos, apesar dos esforços que o demônio, o mundo e a carne fazem para no-los roubar. Dizemos-lhe como um bom filho à sua mãe e um fiel servo à sua senhora: “Guardai o meu depósito!” (1 Tm 6, 20). Minha boa Mãe e Senhora, reconheço que, por Vossa intercessão, recebi até hoje mais graças de Deus do que merecia. A minha triste experiência me ensina que trago este tesouro num vaso muito frágil, e que sou demasiado fraco e miserável para o conservar em mim: “Sou novo e desprezado” (Sl 118, 141). Recebei, por favor, em depósito, tudo quanto possuo, e conservai-mo por Vossa fidelidade e poder. Se me guardardes, nada perderei; se me sustentardes, não hei de cair; se me protegerdes, estarei ao abrigo dos meus inimigos.

174. É o que diz São Bernardo, em termos formais, para nos inculcar esta prática: “Quando Ela vos sustém, não caís, quando vos protege, nada temeis; quando vos conduz, não vos cansais; quando vos é favorável, chegais ao porto da salvação.” São Boaventura parece dizer-nos a mesma coisa em termos ainda mais formais: “A Santíssima Virgem, diz ele, não é apenas detida na plenitude dos santos, mas Ela retém e guarda os santos na plenitude deles, para que esta não diminua. Impede que as suas virtudes se dissipem, que os seus méritos pereçam, que se percam as suas graças, e que os demônios lhes façam mal. Enfim, impede que Nosso Senhor os castigue quando pecam.”

175. A Virgem Santíssima é a Virgem Fiel que, pela sua fidelidade a Deus, repara as perdas causadas pela infiel Eva por sua infidelidade. Obtém de Deus a fidelidade e a perseverança para todos os que se lhe dedicam, pelo que um santo a compara a uma âncora firme, que os retém e impede de naufragar no meio do mar agitado deste mundo, onde tantos perecem por se não segurarem a esta âncora sólida. “Nós ligamos as almas à Vossa esperança, como a uma âncora firme” (São Boaventura). Foi a Ela que os santos que se salvaram mais se amarraram e mais amarraram os outros, para perseverar na virtude. Felizes, pois, mil vezes felizes os cristãos que agora se agarram fiel e inteiramente a Maria, como a uma âncora firme. As investidas das tempestades deste mundo não os farão soçobrar, nem perder os seus tesouros celestes. Felizes os que se acolhem a Ela, como à arca de Noé! As águas do dilúvio do pecado, que afogam a tantos, não os prejudicarão, porque, repete a Santíssima Virgem com a Sabedoria: “Aqueles que em mim trabalham na sua salvação, não pecarão” (Eclo 24, 30). Felizes os pobres filhos da infeliz Eva, que se ligam à Mãe e Virgem Fiel, que sempre permanece fiel e nunca se desmente: “Ela permanece fiel, não podendo negar-se a si mesma” (2 Tm 2, 13). Ela ama sempre os que a amam (Pr 8, 17), com um amor não apenas afetivo, mas efetivo e eficaz, porque os impede, por meio de graças abundantes, de recuar na virtude, ou de cair no caminho, perdendo a graça de seu Filho.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (171-172)

Artigo Sétimo
Esta Devoção causa grandes vantagens para o próximo

171. Sétimo motivo. Outro motivo que nos pode comprometer a abraçar esta Devoção são os grandes bens que dela receberá nosso próximo. Por esta prática exercemos a caridade para com ele duma maneira eminente, pois damos-lhe, pelas mãos de Maria, o que temos de mais caro, ou seja, o valor satisfatório e impetratório de todas as nossas boas obras, sem excluir o mínimo bom pensamento ou o mais leve sofrimento. Consentimos que todas as satisfações que adquirimos e havemos de adquirir até a morte sejam aplicadas, segundo a vontade da Santíssima Virgem, ou pela conversão dos pecadores, ou pela libertação das almas do Purgatório. Não será isto amar perfeitamente o nosso próximo? (Jo 15, 13). Não é isto ser verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, que se reconhece pela caridade? (Jo 13, 35). Não é este o meio de converter os pecadores sem perigo de vaidade, e de libertar as almas do Purgatório quase sem fazer mais nada além do que nos impõem os deveres de estado?

172. Para se apreciar a excelência deste sétimo motivo seria preciso conhecer o bem que é a conversão dum pecador ou a libertação duma alma do Purgatório. É um bem infinito, maior do que criar o Céu e a Terra, pois é dar a uma alma a posse de Deus. Quando por esta prática se livrasse apenas uma alma do Purgatório, durante toda a vida, ou se convertesse apenas um pecador, não bastaria isso para levar todo homem verdadeiramente caridoso a abraçá-la? Mas é preciso notar que as nossas boas obras, passando pelas mãos de Maria, recebem um aumento de pureza e, por conseguinte, de mérito e de valor satisfatório e impetratório. Tornam-se assim muito mais eficazes para aliviar as almas do Purgatório e converter os pecadores do que se não passassem pelas mãos virginais e generosas de Maria. O pouco que por Ela se dá, sem vontade própria e com uma caridade muito desinteressada, torna-se verdadeiramente poderoso para aplacar a cólera de Deus e atrair a sua misericórdia. Na hora da morte verificar-se-á que uma pessoa realmente fiel a esta prática, terá livrado, por este meio, muitas almas do Purgatório e convertido muitos pecadores, embora só tenha praticado as ações ordinárias do seu estado. Que alegria no momento do juízo! Que glória para a eternidade!

Do Tratado sobre os Mistérios, de Santo Ambrósio, bispo

Coisa admirável o ter Deus feito chover o maná para sustentar com o alimento celeste os patriarcas. Por isso se disse: O homem comeu o pão dos anjos. No entanto, aqueles que comeram deste pão,todos eles morreram no deserto; o alimento, porém, que tu recebes, pão vivo que desceu do céu, comunica a substância da vida eterna e quem quer que dele comer não morrerá eternamente, pois é o corpo de Cristo.
Considera agora qual deles é de maior valor: o pão dos anjos ou a carne de Cristo, que é o corpo da vida. Aquele maná vem do céu; este está acima do céu. Aquele, do céu; este, do Senhor dos céus. Aquele é corruptível, se guardado para o dia seguinte; este é totalmente imune de corrupção e quem o tomar piedosamente não poderá experimentar a corrupção. Para aqueles brotou a água da pedra; parati, o sangue de Cristo. Àqueles, por um momento, a água saciou; a ti o sangue do Senhor refresca para sempre. O povo antigo bebe e tem sede; tu, ao beberes, não podes mais sentir sede, pois, de fato, aquilo era sombra, enquanto isto é realidade.
    Se já admiras a sombra, qual não será tua admiração da realidade? Escuta como é sombra o acontecido aos patriarcas: Bebiam da pedra que os seguia; a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou de muitos deles, pois caíram mortos no deserto. Estas coisas foram feitas em figura para nós. Conheces agora o que tem maior valor: a luz supera a sombra; a realidade, a figura; o corpo do Criador vale mais do que o maná do céu. 

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (169-170)

Artigo Sexto
Esta Devoção dá uma grande liberdade de espírito

169. Sexto motivo. Esta prática de Devoção dá uma grande liberdade interior àqueles que a observam fielmente. É a liberdade dos filhos de Deus (Gl 5, 1-13; 2 Cor 3, 17; Rm 8, 21). Como por esta Devoção nos tornamos escravos de Jesus Cristo, consagrando-nos totalmente a Ele nesta qualidade, este bom Mestre recompensa o cativeiro amoroso em que nos colocamos da seguinte maneira:
- Tira da alma todo escrúpulo e temor servil, que só servem para a estreitá-la, escravizá-la e confundi-la;
- Dilata o coração para uma santa confiança em Deus, fazendo-o ver n'Ele seu Pai;
- Inspira-lhe um amor terno e filial.

170. Sem me deter em provar esta verdade por meio de razões, contento-me em citar um fato histórico que li na vida da Madre Inês de Jesus. Era religiosa jacobina do convento de Langeac, em Auvergne, e faleceu nesse mesmo local em odor de santidade no ano de 1634. Ainda não tinha mais de sete anos quando já sofria de grandes penas do espírito. Foi então que ouviu uma voz dizer-lhe que, se desejava ser livre de todas as suas penas e protegida contra todos os seus inimigos, deveria tornar-se o mais depressa possível escrava de Jesus e de sua Santa Mãe. Mal regressou a casa, deu-se inteiramente como escrava a Jesus e à sua Santa Mãe, embora não conhecesse até aquela data esta Devoção. Tendo encontrado uma cadeia de ferro, cingiu-se com ela sobre os rins e usou-a até a morte. Depois desta ação cessaram todas as suas penas e escrúpulos. Ficou em tanta paz e liberdade de coração que ensinou esta prática a várias pessoas - que nela fizeram grandes progressos - entre outros ao Pe. M. Olier, fundador do Seminário de São Sulpício, e a outros sacerdotes e eclesiásticos do mesmo seminário. Um dia apareceu-lhe a Santíssima Virgem e pôs-lhe ao pescoço uma cadeia de ouro, testemunhando-lhe assim a alegria que sentia por ela se ter feito escrava sua e de seu Filho. Santa Cecília, que acompanhava a Santíssima Virgem, disse-lhe: Felizes os fiéis escravos da Rainha do Céu, porque gozarão a verdadeira liberdade: Ó Mãe, servir-Vos é a liberdade!

18 de julho

Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).

Oferecimento do dia
Deus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em união com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo, que guiou a Jesus, seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor.

Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês e também em reparação ao Santíssimo Sacramento.

Oração do dia
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (168)

É um caminho traçado por Jesus

168. Portanto, todo aquele que, sem temor de ilusão, comum às pessoas de oração, quiser avançar no caminho da perfeição e encontrar com segurança e perfeitamente Jesus Cristo, abrace de coração dilatado (2 Mac 1, 3) esta Devoção à Santíssima Virgem, que talvez ainda não conheça. Que entre neste excelente caminho que não conhecia e que lhe indico (1 Cor 12, 31), pois é o caminho aberto por Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada, nosso único Chefe, e os membros que o trilharem não podem enganar-se. É um caminho fácil, devido à plenitude de graça e de unção do Espírito Santo que o enche. Quem por ele caminha não se cansa nem recua. É um caminho curto, que em pouco tempo nos leva a Jesus Cristo. É um caminho perfeito, onde não há lama nem poeira, nem a menor impureza de pecado. Enfim, é um caminho seguro, que nos conduz a Jesus Cristo e à Vida Eterna, reta e seguramente, sem desvios nem
para a direita nem para a esquerda. Entremos neste caminho, e avancemos por ele, noite e dia, até a plenitude da idade de Jesus Cristo.

Do Tratado sobre os Mistérios, de Santo Ambrósio, bispo

 
Banhado nas águas do Batismo, subiste em direção ao sacerdote. Pensa no que se seguiu. Não foi aquilo que Davi cantou: Como o bálsamo na cabeça que desce pela barba, pela barba de Aarão? É o mesmo bálsamo de que fala Salomão: Bálsamo derramado é o teu nome, por isto as jovens te amaram e te atraíram. Quantas almas renovadas hoje te amam, Senhor Jesus, dizendo: Atrai-nos em teu seguimento, correremos ao odor de tuas vestes, para que respirem o odor da ressurreição.
    Entende de que modo se faz, pois os olhos do sábio estão em sua cabeça. A unção escorre pela barba, isto é, pela beleza da juventude; pela barba de Aarão para te tornares da raça eleita, sacerdotal, preciosa. Porque todos no reino de Deus somos também ungidos pela graça espiritual para o sacerdócio. Recebeste depois a veste branca, indício de teres despido a crosta dos pecados e revestido a casta túnica da inocência, lembrada pelo Profeta quando diz: Asperge-me com o hissopo e serei limpo, lavar-me-ás e serei mais branco do que a neve. Ora, quem é batizado vê-se purificado pela lei e pelo Evangelho: segundo a lei, porque como um ramo de hissopo Moisés aspergia o sangue do cordeiro; segundo o Evangelho, porque eram brancas como a neve as vestes de Cristo quando revelou a glória de sua ressurreição. Mais do que a neve se torna alvo aquele a quem se perdoa a culpa. O Senhor, por intermédio de Isaías, diz: Se vossos pecados forem como a púrpura, eu os alvejarei como a neve...
    Lembra-te então que recebeste a marca espiritual, o Espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho e de força, o espírito de ciência e de piedade, o espírito do santo temor. Guarda o que recebeste. Deus Pai te assinalou, o Cristo Senhor te confirmou e deu o penhor do Espírito em teu coração. 

17 de julho

 
Ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra e nos abismos; e toda língua proclame, para glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor! (Fl 2,10s).


Oferecimento do dia

Deus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em união com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo, que guiou a Jesus, seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor.


Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês e também pelas vocações sacerdotais.


Oração do dia

Ó Deus, que escolhestes Inácio de Azevedo e seus trinta e nove companheiros para regarem com seu sangue as primeiras sementes do evangelho lançadas na Terra de Santa Cruz, concedei-nos professar constantemente, para vossa maior glória, a fé que recebemos de nossos antepassados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo


Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós mesmos sois testemunhas do que dizemos. Antes mesmo que os mártires tenham recebido as recompensas, os prêmios, as coroas, enquanto ainda se vão transformando em pó e cinza, já acorremos com entusiasmo para honrá-los, convocando uma assembleia espiritual, proclamando o seu triunfo, exaltando o sangue que derramaram, os tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram. Assim, as próprias tribulações são para eles uma fonte de glória, mesmo antes da recompensa final.

    Tendo refletido sobre estas coisas, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu. Deste modo, depois de gozarmos dos seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos. Amém.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

15 de julho

O justo medita a sabedoria e sua palavra ensina a justiça, pois traz no coração a lei de seu Deus (Sl 36,30s).

Oferecimento do dia
Deus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em união com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo, que guiou a Jesus, seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor.

Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês e também pelas almas do Purgatório.

Oração do dia
Concedei-nos, Pai todo-poderoso, que, celebrando a festa de são Boaventura, aproveitemos seus preclaros ensinamentos e imitemos sua ardente caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Do Opúsculo Itinerário da mente para Deus, de São Boaventura, bispo

Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o mistério desde sempre escondido (Ef 3,9). Quem olha para este propiciatório, como rosto totalmente voltado para ele, contemplando-o suspenso na cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com ele a páscoa, isto é, a passagem. E assim, por meio do lenho da cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido. Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que o reconhecera: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).
    Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus. Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até à medula, pelo fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 2,13).
    Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade. Não interrogues a luz, mas o fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos. Esse fogo é Deus; a sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da sua ardentíssima paixão.


12 de julho

Recebemos, ó Deus, a vossa misericórdia no meio do vosso templo. Vosso louvor se estenda, como o vosso nome, até os confins da terra; toda a justiça se encontra em vossas mãos (Sl 47,10s).

Oferecimento do dia
Deus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em união com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo, que guiou a Jesus, seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor.

Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês e também em reparação ao Sagrado Coração de Jesus.

Oração do dia
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, papa

Vede, diletos, quão grande e admirável é a caridade. A sua perfeição ultrapassa as palavras. Quem é capaz de possuí-la a não ser aquele que Deus quiser tornar digno? Oremos, portanto, e peçamos-lhe misericórdia para sermos encontrados na caridade, sem culpa nem qualquer inclinação meramente humana. Todas as gerações, desde Adão até hoje, já passaram. Aqueles, porém, que pela graça de Deus foram consumados na caridade, alcançam o lugar dos santos e serão manifestados na parusia do reino de Cristo. Está escrito: Entrai nos quartos por um momento até que passe minha cólera acesa; e lembrar-me-ei dos dias bons e vos erguerei de vossos sepulcros.

     Felizes de nós, diletos, se cumprirmos os preceitos do Senhor na concórdia da caridade, para que pela caridade sejam perdoados nossos pecados. Pois está escrito: Felizes aqueles cujas iniquidades foram perdoadas e cobertos os pecados. Homem feliz, a quem o Senhor não acusa de pecado nem há engano em sua boca. Esta felicidade pertence aos eleitos de Deus, mediante Jesus Cristo, Nosso Senhor, a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém.