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Povo de Deus, este Blog tem a intencão de divulgar a devoção a Nossa Senhora da Rosa Mística. Que Maria abençoe a todos com suas graças e muitos dons para podermos evangelizar e colocar no caminho da salvação nossos irmãos queridos.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O Tratado da Verdadeira Devoção a Maria (60-67)


CAPÍTULO SEGUNDO
VERDADES FUNDAMENTAIS DA DEVOÇÃO À VIRGEM MARIA

60. Até aqui dissemos alguma coisa sobre a necessidade que temos da Devoção à Santíssima Virgem. Faz-se necessário dizer agora em que consiste esta mesma Devoção. É o que farei, com a ajuda de Deus, depois de propor algumas verdades fundamentais, donde se deduzirá a grande e sólida Devoção que quero descobrir.
 
Artigo Primeiro
Jesus Cristo é o Fim Último da Devoção à Virgem Maria

61. Primeira Verdade. Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as devoções, de outro modo seriam falsas e enganadoras. Jesus é o alfa e o ômega, o princípio e o fim de todas as coisas. Nós não trabalhamos - como diz o Apóstolo - senão para tornar cada homem perfeito em Jesus Cristo. Porque só n'Ele habita toda a plenitude da Divindade, e todas as outras plenitudes de graça, virtude e perfeição, e só n'Ele fomos abençoados com toda a bênção espiritual. Ele é o nosso único Mestre que nos deve ensinar, o único Senhor de quem devemos depender, o único Chefe a quem nos devemos unir, o único Modelo ao qual nos devemos assemelhar, o único Médico que nos há de curar, o único Pastor que nos deve alimentar, o Caminho único que nos deve conduzir, a única Verdade
em que devemos crer, a única Vida que nos deve animar, o único Tudo, que nos deve bastar em todas as coisas. Não nos foi dado, debaixo do Céu, outro Nome pelo qual devamos ser salvos, senão o Nome de Jesus. Deus não constituiu outro fundamento da nossa salvação, perfeição e glória senão Jesus Cristo. Todo edifício que não estiver erguido sobre esta pedra firme está construído sobre areia movediça e, mais cedo ou mais tarde, acabará, infalivelmente,
por cair. Todo fiel que não estiver unido a Jesus, como o sarmento à cepa da vinha, cairá, secará, e só servirá para ser lançado ao fogo. Fora de Jesus Cristo tudo é extravio, mentira, iniqüidade, inutilidade, morte e condenação. Mas, se estamos em Jesus Cristo e Jesus Cristo em nós, não há condenação a temer. Porque assim nem os anjos do Céu, nem os homens da Terra, nem os demônios do inferno, nem qualquer outra criatura nos pode prejudicar, pois não
nos poderá separar da caridade de Deus, que está em Jesus Cristo (Rm 8, 39). Por Jesus Cristo, com Jesus Cristo, em Jesus Cristo podemos tudo: dar toda honra e glória ao Pai, na unidade do Espírito Santo, tornar-nos perfeitos e ser, para o nosso próximo, um bom odor de vida eterna.

62. Se, pois, nós estabelecermos a sólida Devoção da Santíssima Virgem, não será senão para mais perfeitamente estabelecer a de Jesus Cristo, e para dar às almas um meio fácil e seguro de encontrar Jesus Cristo. Se a Devoção à Santíssima Virgem afastasse de Jesus Cristo, deveríamos repeli-la como uma ilusão do demônio. Mas muito pelo contrário, como já o fiz ver e voltarei a mostrar mais adiante, esta Devoção é-nos indispensável para encontrar perfeitamente Jesus Cristo, para o amar ternamente e servir com fidelidade.

63. Aqui volto-me um momento para Vós, ó meu amável Jesus, para queixar-me amorosamente à Vossa Divina Majestade, de que a maior parte dos cristãos, mesmo os mais instruídos, não saiba a ligação necessária entre Vós e Vossa Santa Mãe. Vós estais sempre com Maria, Senhor, e Ela está sempre convosco, nem pode estar sem Vós, pois deixaria de ser o que é. Maria está de tal modo transformada em Vós pela graça que já não vive, já nem existe: só Vós, meu Jesus, é que viveis e reinais n'Ela, mais perfeitamente que em todos os anjos e bem-aventurados. Ah! Se os homens conhecessem a glória e o amor que recebeis desta admirável criatura, teriam sobre Vós e sobre Ela sentimentos muito diferentes dos que têm. Ela Vos está tão intimamente unida que seria mais fácil separar a luz do Sol ou o calor do fogo. Digo ainda mais: seria mais fácil separar de Vós todos os anjos e santos, do que Maria Santíssima. Ela Vos ama, pois, mais ardentemente e Vos glorifica mais perfeitamente que todas as outras criaturas juntas. 

64. Depois disto, meu amável Mestre, não é coisa espantosa e lamentável ver a ignorância e as trevas de todos os homens deste mundo a respeito da Vossa Santa Mãe? Não falo tanto dos idólatras e pagãos que não Vos conhecem e, por isso, não se preocupam em conhecê-la. Nem falo sequer dos heréticos e cismáticos, que não cuidam de ser devotos da Vossa Santa Mãe, já que estão separados de Vós e de Vossa Igreja. Falo dos cristãos católicos, e mesmo dos doutores entre os católicos, que não Vos conhecem nem à Vossa Santa Mãe, senão duma maneira especulativa, seca, estéril e indiferente, embora façam profissão de ensinar a verdade aos outros. Estes senhores só raramente falam da Vossa Mãe e da devoção que se lhe deve ter, porque dizem temer que se abuse dela e que se faça a Vós injúria, honrando demasiadamente Vossa Santa Mãe. Um devoto da Santíssima Virgem fala da Devoção a esta boa Mãe duma forma terna, forte e persuasiva, como dum meio seguro e sem ilusão, dum caminho curto e sem perigo, duma via imaculada e sem imperfeição e dum maravilhoso segredo para Vos encontrar e amar perfeitamente. Mas, se esses senhores vêem ou ouvem alguém muitas vezes falar assim, levantam-se contra ele e apresentam mil falsas razões para lhe provar que não se deve falar tanto da Santíssima Virgem, que há grandes abusos nessa Devoção, que é preciso empenhar-se em destrui-los e em falar mais de Vós, de preferência, a levar os povos à Devoção a Maria, a quem já amam bastante. Por vezes falam da Devoção à Vossa Santa Mãe, ó Jesus, não para a estabelecer e propagar, mas para destruir os abusos que dela se fazem. Estes senhores não têm piedade nem Devoção terna para convosco, por não terem nenhuma a Maria. Consideram o Rosário, o escapulário, o Terço, como devoções de efeminados, próprias para ignorantes, e sem as quais nos podemos salvar. E se lhes cai em mãos algum devoto da Santíssima Virgem, que reze o Terço ou se entregue a qualquer outra prática de devoção para com Ela, depressa lhe mudarão o coração e o pensar. Aconselham que se reze, em lugar do Terço, os sete salmos. Em lugar da Devoção a Nossa Senhora, recomendar-lhe-ão a Devoção a Jesus Cristo.
Ó meu amável Jesus, terão estas pessoas o Vosso espírito? Dão-Vos gosto procedendo deste modo? Agradar-Vos-á quem não empregue todos os esforços para agradar à Vossa Mãe, com receio de Vos desagradar? Por acaso, a Devoção à Vossa Santa Mãe impedirá a Vossa? Atribui-se Ela a si mesma a honra que lhe prestam? Forma Ela um partido à parte? É Ela uma estrangeira sem ligação alguma convosco? Desagradar-Vos-á quem procure agradar-lhe a Ela? Separa-se ou afasta-se do Vosso Amor quem a Ela se dá e a ama?

65. No entanto, meu amável Mestre, se tudo o que acabo de dizer fosse verdade, a maioria dos sábios, para castigo do seu orgulho, não poderia afastar mais as almas da Devoção à Vossa Santa Mãe, e não lhe poderia votar mais indiferença. Livrai-me Senhor, livrai-me dos seus sentimentos e práticas. Dai-me parte nos sentimentos de gratidão, de estima, de respeito e de amor que Vós tendes para com Vossa Santa Mãe, para que Vos ame e glorifique mais na medida em que Vos imitar e seguir de mais perto.

66. Como se até aqui ainda nada tivesse dito em louvor de Vossa Mãe Santíssima concedei-me a graça de a louvar dignamente, apesar de todos os Seus inimigos que são os Vossos. Fazei que clame com os santos: “Não julgue receber a misericórdia de Deus aquele que ofende sua Santa Mãe!”

67. Para obter da Vossa misericórdia uma Verdadeira Devoção à Vossa Mãe Santíssima, e para inspirá-la a todo o mundo, fazei que Vos ame ardentemente. Recebei para isso a oração inflamada que Vos dirijo com Santo Agostinho e com os Vossos verdadeiros amigos:
“Ó meu Jesus, Vós sois o Cristo, meu Pai Santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande. Vós sois o meu Bom Pastor, meu único Mestre, meu Auxílio todo bondade, meu Bem-amado de arrebatadora beleza, meu Pão da Vida, meu Sacerdote eterno. Vós sois o meu Guia para a Pátria, minha Luz verdadeira, minha Doçura toda Santa, meu Caminho direto. Vós sois a minha Sabedoria sublime, minha Simplicidade pura, minha pacífica Concórdia. Vós sois toda a minha Defesa, minha preciosa Herança, minha eterna Salvação. Ó Jesus Cristo, Mestre adorável, porque é que eu amei ou desejei em toda a minha vida outra coisa fora de Vós, Jesus, meu Deus?! Onde estava eu quando não pensava em Vós?! Que o meu coração, ao menos a partir deste momento, só arda em desejos de Vós, Senhor Jesus; que só para Vos amar ele se dilate. Desejos da minha alma, correi doravante: já basta de delongas! Apressai-vos a atingir o fim porque aspirais, buscai em verdade Aquele que procurais! Ó Jesus, seja anátema quem não Vos amar! Seja repleto de amargura! Ó doce Jesus, sêde o amor, as delícias e o objeto da admiração de todo coração dignamente consagrado à Vossa glória. Deus do meu coração e minha herança, divino Jesus, que o meu coração esvazie-se do seu próprio espírito, para que Vós possais viver em mim, acendendo em minha alma a brasa ardente do Vosso Amor, que seja o princípio
de um incêndio todo divino. Arda incessantemente sobre o altar do meu coração, inflame o mais íntimo do meu ser, e abrase as profundezas da minha alma. Que no dia da minha morte eu compareça diante de Vós todo consumido no Vosso Amor! Amém. Assim seja.”

Embora o texto original traga esta admirável oração de Santo Agostinho em latim, quis o editor pô-la em português, a fim de que as pessoas que não saibam latim a possam rezar também todos os dias para pedir o Amor de Jesus, que buscamos por intermédio da divina Maria.

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